sexta-feira, agosto 26, 2005

O sangue ferve, sinto-o a expandir-se.. a dar vida à carne mole,fria, desgastada. Reparo no que me envolve: luz, mobiliário, roupa.. Tudo me parece novo. não sou mais apático, relaxista, conformista. entrego-me ao movimento frenético, não penso em parar, já nem penso. entrego-me aos outros, seres indefinidos.. há tanto por descobrir...não sei, nem quero saber; mas estendo-me confortável e despreocupadamente noutro estado mental. absolutizo a leviandade e o escuro, acutilante sarcasmo esconde-se por um pouco. não me preocupo. sinto-me vivo. nada mais importa

3 Comments:

Blogger ilusion&light said...

a inocência fere e cansa.. o sarcasmo é afinal o que nos protege das expectativas goradas e dos padrões demasiado elevados

:) tks por ainda comentares tão inúteis posts
fica bem

7:43 da tarde  
Blogger ilusion&light said...

Noite em Vieira do Minho friorenta e agitada por pesadelos, incongruências, palpitações. Já de madrugada, O Mensageiro das Trevas aparece-me na cama, agarra-me quase ao colo com os seus dedos de aço nos braços e diz-me baixo, numa voz irónica mas simpática (ou cínica e trocista?): "Ontem (referência, parece, a um sonho meu da véspera, em que me surgira A Morte, com a sua caveira comum, de dentuça à mostra, cara desgraçada!), ontem viste-me com a minha triste cara verdadeira, hoje venho alegre (a face dele era uma máscara apalhaçada, coberta de giz) mas é para te dar uma má notícia, coitado (1):

AMANHÃ MESMO MORRERÁS!

(texto de Luiz Pacheco)

4:32 da tarde  
Blogger ilusion&light said...

A Inutilidade de Guerras e Revoluções


As guerras e as revoluções - há sempre uma ou outra em curso - chegam, na leitura dos seus efeitos, a causar não horror mas tédio. Não é a crueldade de todos aqueles mortos e feridos, o sacrifício de todos os que morrem batendo-se, ou são mortos sem que se batam, que pesa duramente na alma: é a estupidez que sacrifica vidas e haveres a qualquer coisa inevitavelmente inútil.
Todos os ideais e todas as ambições são um desvairo de comadres homens. Não há império que valha que por ele se parta uma boneca de criança. Não há ideal que mereça o sacrifício de um comboio de lata. Que império é útil ou que ideal profícuo?


Tudo é humanidade, e a humanidade é sempre a mesma - variável mas inaperfeiçoável, oscilante mas improgressiva. Perante o curso inimplorável das coisas, a vida que tivemos sem saber como e perderemos sem saber quando, o jogo de mil xadrezes que é a vida em comum e luta, o tédio de contemplar sem utilidade o que se não realiza nunca - que pode fazer o sábio senão pedir o repouso, o não ter que pensar em viver, pois basta ter que viver, um pouco de lugar ao sol e ao ar e ao menos o sonho de que há paz do lado de lá dos montes.

Fernando Pessoa, in "Livro do Desassossego"

lembrei-me disto em relação ao tema..

2:14 da manhã  

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