quarta-feira, janeiro 26, 2005

A mulher que um dia ousou sonhar

Ela percorrida descalça as ruas frias, noite após, noite, ela percorria, descalça as ruas, frias.
Noite após, noite a alma morria.
Entregava o corpo e a alma morria.
Noite, após noite uma imagem fantasmagórica a percorrer as ruas frias.
Noite gélida, ar viciado.
O corpo já não era dela, entregava-o numa simbiose perfeita com a atrocidade.
Percorria as ruas num passo viciado, o rosto triste, chorava lágrimas secas.
Ás vezes, o olhar perscrutava o mar.
Queria morrer.
Mas era a Mulher que, noite, após noite, percorria as ruas, frias.

sábado, janeiro 08, 2005

O monstro escolhe as vitimas. Tece o plano numa teia de realidade, cada passo está marcado é impossível falhar. A noite, macabra, prostituta do dia, negra, moribunda, fétida, infame, hedionda anseia por mais morte, ilumina-o com uma luz devoradora. O monstro é cada um de nós, e cada monstro tem um pouco de nós. A noite é a mesma noite das estrelas, da lua. A morte é a mesma sempre. E depois da primeira gota de sangue todos somos a próxima vitima.

terça-feira, janeiro 04, 2005

Como ele se tornou niílista

Respirava para viver! ELE lutava, sentia; adoptava instintivos valores e até valores que considerava imprescindíveis; não tinha receio de sofrer; acreditava e refutava. Mas tão frenético como o seu pensamento eram as desilusões. quimeras transformadas em dor! Não se engane o menos atento!era ainda um romântico, porque encarava a vida com os sentimentos.. Não tardou, no entanto, que o medo se apoderasse do espírito.. Foi assim que foi definhando lenta e dolorosamente... como um animal ferido de morte... O seu modo de agir, a esperança de outrora não são já os mesmos. E ninguém o ajuda porque ELE não a queria:podia magoar quem ainda gostava.Surge não muito tarde (saudosos tempos aqueles.. pensa!) a constatação que a raiva, o desprezo, e o egoísmo de nada lhe servem.. Vive agora para respirar!