quinta-feira, dezembro 30, 2004

Os dias repetem-se acontecem e sucedem
As noites repetem-se acontecem e sucedem
Os aromas perderam-se
Os sons estão trocados
Os olhares misturam-se
As noites que antes só frias agora frias e geladas
As pessoas não sonham
A vontade reduziu-se à sobrevivência
As crianças nascem mortas
Os abraços são frios
As montanhas desmoronaram-se
O sol gela
A chuva corta os corpos
A luz não ilumina
Os corpos desintegram-se
Os quadros perderam as imagens
Os livros as palavras
O luar escolhe as vitimas

domingo, dezembro 19, 2004

Quando a minha vista alcançou o fim, nada restou. Os homens estavam nus, as mulheres fugiam sem cabeça. Fui o fim da vida daqueles homens e mulheres e o fim da minha felicidade. A partir daquele dia tudo foi diferente. Julgava possuir uma vontade e julgava que esssa vontade podia possuir alguma força. Mas, não. Tudo não era senão, gotas de suor, alimentadas de fé, escritas em páginas de livros esquecidos.
Quando forjamos um pensamento, achamos que é o melhor pensamento de sempre. Eu também achava. Naquela manhã, quando saí, toda a fé estava concentrada em mim, julgava possuir o maior e mais belo pensamento de sempre. Os minutos, eram curtos, os segundos quase não existiam, era tempo que antecipava a glória. Mas, quando vi que os homens estavam nus e as mulheres fugiam sem cabeça, prometi a mim mesmo, jamais tornar a sair de casa. Jamais, forjar um pensamento, jamais irromper no mundo dos fracos. Até á minha morte, apenas vou sentir e jamais pensar.

domingo, dezembro 12, 2004

Chove. Faz frio. A chuva purifica. Faz frio. Chove. O frio congela a alma.
É uma noite de Dezembro.
Lá fora, fogem do frio, aqui, o frio não foge de mim. O calor, não esconde a tristeza da alma.
A alma, suspira por calor, o calor espera por aquecer.
Podia chorar, mas não. Tenho medo, o frio ia conservar as lágrimas.
Podia-me cobrir, mas não. O calor desapereceu do cobertor.
É uma noite de Dezembro.
Não estou triste.
Quero o teu abraço.
Podia fugir, correr, desaparecer, mas quando de cansaço fechasse os olhos e continuasse a correr, encontrar-te-ia.
Não tens nome, nem cara. Apenas sei que existes. E eu quero-te. Quero o teu calor.

domingo, dezembro 05, 2004

Inércia. toda a massa corpórea está perfeitamente inactiva..
mas o olhar.. atravessa pequenas dimensoes de espaço, envolve os objectos e sobe para o metafísico e a pura ideia. .. especulação, juízo de valor, razão. Completamente inútil a definição. pura paz interior(inicial) decorrente da reflexão. nada tem a ver com a melancolia (ou terá?)... Antropologia, medicina.. todos os métodos científicos e mais alguns. diferente modo de percepção, desadequamento do pensamento social, ou pura e simples loucura. Quem me dera que fosse apenas incompreendido. mas n sou. sou vazio. e o pior eh ke n ha meio de me preencher. Nem de eskecer! paro... Pq penso em mim? so pode ser um sinal de mau caracter. Procuro responsabilidade.. agarro-me ah mais ínfima acção prática mas n passa do mundo teorético... e o conhecimento de nada serve.
a angústia estende-se até ao ser que, pretensiosamente, se lembrou de criar a propriedade privada.. a organização social... com certeza que no estado de natureza tais pensamentos n surgissem...
por isso eh que admiro. admiro profundamente o social, as relações íntimas, e a capacidade de suportar o fracasso.. eh deveras deslumbrante a capacidade humana para sofrer. sim, pq o conceito n eh suficientemente forte para ilustrar o que um simples ser organicamente constituído passa..
tenta-se o aperfeiçoamento surge a defeição. O que fazer? esquecer... não dá..